Assunto: Cidadania existe?
Estimados amigos,
Hoje passei por uma situação inusitada e que me deixou extremamente apreensivo para com a enfermidade que assola nossa sociedade.
Explico:
Inicialmente achei muito bonita a condição dada pela administração municipal para com os acessos aos cadeirantes, portadores de necessidades especiais e mães que conduzem seus bebês pelas calçadas da cidade.
Louvável, também, o local reservado aos cadeirantes e portadores de necessidades especiais, muito bem sinalizada, existente em um dos maiores supermercados da nossa querência. Vou sonegar o nome pois todos sabem que fica ali na Florêncio de Abreu.
Acontece que ao final da tarde de hoje, dia movimentado naquele estabelecimento, constatei quando de minha chegada que um automóvel Mercedes, obviamente importado, estava estacionado na única vaga reservada aos portadores de necessidades especiais.
Procedi às minhas compras e na saída do estabelecimento verifiquei que uma senhora “sã de lombo” estava descarregando o seu carrinho de compras junto àquele veículo.
Na passagem ao lado do “importado” e após a constatação de que não havia ninguém no interior da “máquina” me referi a “senhora” da seguinte forma:
- “Querida, essa vaga é destinada a portadores de necessidades especiais. Preserve o direito deles.”
Ouvi como resposta:
- “Vai cuidar de sua vida que você ganha mais”.
Respondi:
- Senhora, questão de cidadania!
Aí piorou a coisa, vez que do nada apareceu um “cidadão” que presumo ser o marido da culta senhora e que abriu o verbo em minha direção e com o indicador em riste:
“Seu miserável, não venha te meter onde não é de tua conta. Vá cuidar de tua vida seu vagabundo. Te meta comigo que você vai ver o que é bom seu cafajeste”.
Para evitar um conflito maior me afastei rapidamente e silente em direção ao meu veículo distante.
Minha esposa, que estava ao meu lado, disparou em direção ao carro.
Carregamos as compras na mala e nos direcionamos em direção à saída do Supermercado.
Para nossa surpresa, no portão nos esperava o “cidadão”, costeado pela “dileta” com sorriso debochado, praguejando ameaçadoramente em nossa direção.
Resignado fiquei ao constatar que a multidão que ali se reuniu fazia-me conhecido sinal de mão fechada e polegar levantado.
Me fortaleceram mais os telefonemas recebidos, inclusive de pessoas desconhecidas referendando minha atitude.
Alguns me informaram não se surpreender com a truculência do “enfermo cidadão”.
Registraram que o conhecem e que labora em uma respeitável empresa de comercialização de máquinas agrícolas da cidade.
Caso algum dos amigos tenha alguma idéia de quem se trata me retornem.
Acho que tem porcaria menor em nossos presídios.
A situação piorou bastante.
Telefonemas que recebi de amigos, além de mensagens via e-mail, dão conta de que o “cidadão” é também ministro da igreja Católica da Sagrada Família.
Jamais imaginaria que alguém com o qualificado vocabulário de insultos, e hábil em proferi-los, seja sequer digno de fazer o Sinal da Cruz.
“Pois o necessitado não será para sempre esquecido, e a esperança dos aflitos não se há de frustrar perpetuamente” (Salmos 9.18)
Acharia linda essa mensagem no rodapé das placas de sinalização destinadas aos portadores de necessidades especiais.
Peço ao Senhor não aflija ao “cristão infrator” com o versículo anterior ao acima citado.
Bom final de domingo.
Cláudio
Recebi o referido texto de minha amiga
de orkut Nara Ritter.