quarta-feira, 30 de julho de 2008

UMA PESSOA QUE NASCEU POBRE...




CRÔNICA

Uma pessoa que nasceu pobre, em ambiente ignorante, exposta a poucos estímulos construtivos, pode estar presa à sua "condição humana" e construir para si mesma uma vida igualmente miserável, ou pode enxergar que existe outro mundo e pavimentar a estrada que o levará até lá. A condição humana é um conjunto de fatores a priori, ou seja, que existiam antes da própria pessoa, mas ela não é sinônimo de destino, pois entra em jogo a consciência, que pode mudar tudo.Alguém já disse que viver nada mais é do que resolver problemas. A quantidade de situações que exigem que apresentemos soluções durante apenas um dia de nossa vida é imenso. Não nos damos conta disso porque a maioria das soluções são praticamente automáticas, pois estamos sendo preparados desde a infância para encontrá-las, e porque, em sua maioria, dizem respeito a pequenas decisões do cotidiano, como escolher qual roupa vestir, resolver o cardápio do dia ou decidir o melhor trajeto entre a casa e o trabalho. Entretanto, ao longo de sua vida, o homem também se depara com situações mais complexas, que exigem mais do que a lógica banal do cotidiano. É quando se vê obrigado a encarar uma situação-problema, encontrar a melhor solução e retomar, dessa forma, o equilíbrio que parecia perdido. Situações desse tipo exigem mais energia do que estamos acostumados a usar em nosso dia-a-dia. O estoque dessa energia e a capacidade de fazer uso dela é o que vai estabelecer a diferença entre as pessoas. Cada indivíduo reage diferente, mas todos temos à disposição elementos, em tese, equivalentes. Diante de uma dificuldade, o homem utiliza duas ferramentas: por um lado sua situação pessoal, fornecida pela educação que recebeu, pelas oportunidades de aprimoramento, pela saúde física, pelo equilíbrio mental; e por outro sua liberdade de pensamento que, ao mesmo tempo, é influenciada pelas condições anteriores, e exerce influência sobre as mesmas. São duas partes da mesma pessoa. Não há dúvidas de que quem nasceu com um mínimo de oportunidade de desenvolver sua consciência e exercer sua liberdade de pensar, tem o dever de responsabilizar-se pela própria vida, e diminuir a transferência de responsabilidade de seus fracassos para outros, incluindo entre esses outros, a própria sorte. Afinal, sempre podemos fazer alguma coisa com o que fizerem conosco. As respostas estão, portanto, muito mais dentro de nós do que fora, e essas respostas são as que explicam os fracassos e os sucessos, bem como esclarecem as grandes dúvidas e encontram as grandes soluções. É sempre melhor primeiro procurar dentro.


FRASES SOBRE ÊXITO




FRASES SOBRE ÊXITO

A disciplina é a parte mais importante do êxito.
(Truman Capote, novelista norte-americano)
Tive êxito na vida. Agora tento fazer da minha vida um êxito.
(Brigitte Bardot, actriz francesa)
A primeira condição para ser alguma coisa é não querer ser tudo ao mesmo tempo.
(Tristão de Ataíde)
O êxito tem feito muitos falhados.
(C. Adams)
Só existe uma forma de êxito - ser capaz de viver a vida de acordo com a própria consciência.
(Christopher Morley - Escritor Norte-americano)
Nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir.
(Napoleão)
O segredo de progredir é começar. O segredo de começar é dividir as tarefas árduas e complicadas em tarefas pequenas e fáceis de executar, e depois começar pela primeira.
(Mark Twain)
Se não és senhor de ti mesmo, ainda que sejas poderoso, dá-me pena e riso o teu poderio.
(Josemaría Escrivá)
As grandes obras são sonhadas pelos gênios, executadas pelos lutadores, desfrutadas pelos felizes e criticadas pelos inúteis crônicos.
(Autor desconhecido)
O difícil não é subir, mas, ao subir, continuarmos a ser quem somos.
(Jules Michelet)
Vencer não é nada, se não se teve muito trabalho; fracassar não é nada se se fez o melhor possível.
(Nadia Boulanger, pianista)
O primeiro passo para conseguirmos o que queremos na vida é decidirmos o que queremos.
(Ben Stein)
Eu não sei qual o segredo do sucesso, mas o segredo do fracasso é tentar agradar a toda a gente.
(Bill Cosby)
Sorte é aquilo que acontece quando a preparação encontra a oportunidade.
(Elmer Letterman)
Depois de nos precavemos contra o frio, a fome e a sede, tudo o mais não passa de vaidade e excesso.
(Séneca, filósofo e poeta romano)
Na luta conhece-se o soldado; só na vitória se conhece o cavalheiro.
(Jacinto Benavente, dramaturgo espanhol)
Força de ânimo e coragem na adversidade servem, para conquistar o êxito, mais do que um exército.
(John Dryden, poeta britânico)
Se nunca tiveste um grande êxito, não sabes o que vales; o êxito é a pedra de toque do carácter.
(Amado Nervo, poeta e diplomata mexicano)
Quando vires um gigante, repara bem na posição do sol, não vá acontecer que se trate da sombra de um pigmeu.
(Von Hardenberg)
O homem vulgar espera do exterior as coisas boas e as coisas más; o homem que pensa espera-as de si mesmo.
(Chejov)
Se não posso realizar grandes coisas, posso pelo menos fazer pequenas coisas com grandeza.
(Clarck)
O tipo de êxito que pretendes alcançar é o êxito obtido à custa da alma, mas a alma é maior que o êxito.
(Tagore)
O teu êxito depende muitas vezes do êxito das pessoas que te rodeiam.
(Benjamin Franklin)

terça-feira, 29 de julho de 2008

A CONQUISTA DA VELHICE




A CONQUISTA DA VELHICE

"A velhice, que hoje tarda bem mais do que décadas atrás, pode ser bela, alegre e apreciada enquanto não for amarga"
Uma das melhores frases que escutei sobre velhice e envelhecer, porque realista e bem-humorada, foi: "Velhice? Eu acho ótima, até porque a alternativa seria a morte!" Não é em geral o que se escuta. Mesmo velhos que têm boa saúde e poderiam estar curtindo alguma coisa costumam se lamentar em lugar de viver. E, acreditem, sempre há o que fazer, aprender, renovar. Vai-se, é verdade, parte da energia (a lucidez, não necessariamente, e se a perdermos não saberemos: a natureza pode ser misericordiosa).
Para quando a inevitável velhice chegar, tomei como meu modelo, talvez inatingível, minha comadre, madrinha de um de meus filhos, minha amada amiga Mafalda Verissimo, viúva de Érico e mãe de Luiz Fernando. Sei que ainda hoje, esteja onde estiver, ela sabe de mim, me cuida. Se pudesse me aconselhar, como costumava fazer, haveríamos de dar juntas boas risadas.
Essa velha dama, que, como minha mãe, morreu aos 90 anos, detestaria ser lembrada com tristeza. Uma de suas marcas era o bom humor, que nessa idade, mais do que em todas, é essencial: divertidos eram seus olhos muito azuis revelando o interesse múltiplo e alerta, aberto o coração.
A gente não a visitava para lhe fazer companhia (sua casa abrigava família e muitos amigos), mas porque nós precisávamos dela, ela nos alimentava com seu interesse, nos animava com sua vitalidade. Lia todos os jornais, entusiasmava-se com novidades, e as que não aprovava lá muito eram comentadas, também, com seu jeito divertido. Mafalda sempre me fez refletir sobre a velhice que escolhemos ter, para além das inevitáveis transformações que de preferência não escolheríamos. Com ela entendi melhor que velhos não são isolados porque os filhos não prestam ou os amigos morreram, mas também porque se tornaram chatos demais: reclamando, querendo controlar, chantageando e cobrando.
A gerontocracia pode ser cruel: é urgente rebelar-se contra ela, se queremos conviver com os velhos. E, se queremos ser um dia velhos com quem os outros gostem de estar, é bom evitá-la a qualquer custo. Velhos, como todos nós, podem ser vítima de seu próprio preconceito – além da rejeição generalizada a tudo o que não for jovem e fulgurante. É comum encontrar alguém que bem antes da velhice já não diz duas frases sem acrescentar em tom lastimoso "na minha idade". Por que não encarar o tempo como transformação da beleza enérgica da juventude na serena beleza da velhice?
Hão de arquear as sobrancelhas, mas eu lhes digo que, se hoje me divirto mais do que aos 30 anos, espero aos 80 achar ainda mais graça em muitas coisas que, décadas atrás, me fariam arrancar os cabelos em desespero. Se alguém na velhice é realmente só, sem ninguém, nem vizinho nem conhecido nem parente nem mesmo o quitandeiro da esquina com quem falar, me perdoe: a não ser que uma tragédia tenha devastado sua vida sem deixar pedra sobre pedra, possivelmente faltou cultivar interesses e afetos, em vez de esperar por eles como obrigação alheia. Sinto muito: se o velho sempre bonzinho é um mito, o velho simpático, aberto e otimista é uma realidade. Quando comentei isso, alguém retrucou: "Mas todos morreram, não tenho ninguém da minha idade para conversar".
É bem possível e até provável, mas você nunca fez amizades com gente mais jovem? Nunca se abriu para o que há de estimulante no outro tempo da vida? Nunca se renovou, nunca se abrandou? Quem não tiver obsessão pela juventude perdida pode se interessar pela imensa variedade de assuntos que todo dia entram em nossa casa pelos jornais, pela televisão e – por que não? – pelo computador. E não me venham com "na minha idade".
Os grupos da chamada terceira idade podem ser divertidos, estimular amizades, fazer sentir que a gente não é a única nem a vítima do destino cruel... Mas, por favor, não botem as velhinhas a dançar com vestido de bailarina saltitando com balões nas mãos, ou para fazer teatro infantil. Não as maquiem em excesso, não as tornem caricaturas.
A velhice, que hoje tarda bem mais do que décadas atrás, pode ser bela na sua beleza peculiar; alegre na sua alegria boa; alerta na medida de seus interesses; procurada e apreciada enquanto não for amarga.
Enfim, que sejamos todos e todas Mafaldas Verissimo, a que até o fim nos amou, nos apoiou, nos divertiu, nos escutou, aquela a quem procurávamos pelo nosso próprio bem e que deixou uma saudade boa, não um vazio de sombra.
E assim, amiga, enfim te homenageei.
Autora: Lya Luft
Do Site: www. velhosamigos.com.br

domingo, 27 de julho de 2008

HENRIQUINHO




Henriquinho
Morreu meu amigo Henrique, o Henriquinho, um luxemburguês grandalhão, com quase dois metros de altura, gordo, ruivo e feio. Um homem extremamente bom, inteligente, culto, irônico. Ria e fazia piadas com suas doenças, com suas tragédias. Caçoava do médico, este seu amigo que agora escreve algumas recordações de uma convivência curta, algumas lembranças de fatos e conversas que mantivemos no consultório ou no hospital.
A primeira vez que vi Henriquinho, logo que cheguei a Monlevade (João Monlevade, cidade do interior de Minas Gerais N.E.), levei um susto: ele estava assentado numa cadeira de vime, no hall de entrada do Hotel Cassino e gemia de dor, a minha espera. Estava sofrendo uma cólica renal e garantia, na sua voz rouca e enrolada de gringo, que aquela dor que ele estava sofrendo devia ser muito pior que a dor que mulher sente na hora do parto.
- Mas eu prefiro essa cólica de rins que sofrer uma dor de parto, senhor doutor, disse ele, com um sorriso, tentando disfarçar a dor. Aliás, monsieur Henri foi um mestre em disfarçar dores e sofrimentos, com coragem e espírito estóico. Nesses dez ou 12 anos que convivi com ele, sempre percebi tristeza e amargura por trás dos seus olhos miúdos e espetados naquela cara vermelha e grande. Senti pena dele em diversas ocasiões. Senti pena no dia em que sua esposa, Dª. Rúmia, faleceu em acidente brutal, atropelada. Senti pena ao ver Henriquinho chorar. Grossas lágrimas escorriam em seu rosto, mas ele permanecia em silêncio, quieto, sem fazer barulho, sem gritar, sem fungar. Como dói ver uma pessoa chorar em silêncio. E o Henriquinho, no hospital, onde velava o corpo de sua esposa, chorava em silêncio.
Tempos depois, senti pena dele ao vê-lo com um pé quebrado, engessado. Aquele homem enorme, gordo, com o pé engessado. Recuperação lenta, difícil e dolorosa. Após a retirada do gesso, cuidados de fisioterapia, massagens, calor. Nessas suas idas e vindas ao hospital, costuma cruzar com ele no corredor com um bon jour, monsieur, respondido por um bon jour, docteur e lá seguia o bom homem, capengando, equilibrando o peso do corpo às custas dos braços bem abertos.
Nossa amizade tornou-se maior quando ele começou a freqüentar o meu consultório com mais assiduidade, a partir do dia em que chegou, usando seu tradicional slack de brim amarelo, assentou-se na cadeira e disse: Senhor doutor, quero tratar meu diabetes com o senhor.
Para mim, aquilo foi motivo de susto e surpresa.
- Uai, mas eu nem sabia que você era diabético.
Realmente era para assustar a qualquer um, pois o Henriquinho não era do tipo de doente que faz dietas e segue regimes próprios para quem sofre de diabetes. Gostava de sua cerveja, presunto, leite com mel, queijo gordo. Não consegui saber se comia doces escondidos, mas acredito que sim. Nessa fase inicial do tratamento, procurei avaliar como andava sua doença e perguntei se ele sentia muita sede, se bebia muita água. Ele riu.
- Água, senhor doutor? Mas eu não bebo água nunca. Eu bebo é cerveja. E deu uma gargalhada, naquele seu estilo, devagar, pois era calmo para tudo. Ria alto e devagar. Depois ficou sério e disse: Ah, doutor. Agora me lembro: de vez em quando eu tomo água. Quando coloco gelo no uísque. E riu de novo, alto e devagar.
Realmente, o Henriquinho gostava de tomar suas cervejas, mas era um homem sereno, bem-comportado. A bebida não lhe modificava a personalidade, não o embriagava. Apenas lhe dava um sono muito bom, como ele dizia.
Gostava das pessoas que não teimavam com ele, das que não tentavam forçá-lo a mudar a maneira que insistiam em continuar inchadas apesar dos diversos remédios que ele jurava estar tomando. Na última vez que o vi, notei que estava um pouco triste, na hora de sair do consultório, na despedida. Ao contrário do seu alegre e habitual au revoir, monsieur le docteur, ele parou na porta da sala, olhou para mim e disse: adieu, monsieur le docteur.
Foi essa a última vez que o vi e guardo dele essa última recordação: um homem bondoso e triste, que dissimulava a bondade atrás daquele seu ar carrancudo e escondia sua tristeza atrás da constante ironia.
Henriquinho morreu em casa, ao lado de sua querida filha, a quem ele tanto amava, a Lília. Pela manhã, tomou leite com mel. Estou com sede, por isso tomo leite, disse ele para a filha.
- Mas se o senhor está com sede, deve beber água e não leite com mel.
- Não, Lília, água com mel não é gostoso.
Morreu Henrique, meu amigo, muito mais amigo que cliente, um homem que só deixou amigos, amigos um tanto frustrados, como eu, que nunca tiveram oportunidade de convivência maior com ele. Poucas pessoas puderam conviver mais intimamente com ele, visitá-lo em casa, bater papo, conhecê-lo melhor. Contudo, a lembrança de sua pessoa será sempre estimulante e alegre. Um homem bom e sensível que ao perceber que estava morrendo pediu a sua querida Lília que colocasse uma cruz com um pano branco na porta da casa. - Mas, para quê, Henriquinho?
- Ah, Lília, você não sabe o que significa um pano branco pendurado numa cruz? Significa paz.


Autor: Dr. Stanley Baptista de Oliveira


Do Site: www.noticiashospitalares.com.br/cronica.htm

"MAY WAY" COM NINA HAGEN

"MAY WAY" COM FRANK SINATRA

"MAY WAY"




DO SEU JEITO
Martha Medeiros

- Jornal O Globo - 13/02/2005 Do seu jeito

"IVE LIVED A LIFE THAT'S FULL/I'VE traveled each and every highway/But more, much more than this/I've lived it my way".

Este é um verso de "My way", canção que foi imortalizada por Frank Sinatra e que também foi gravada pelo Sex Pistols e por Nina Hagen. É a história de um cara que viajou, amou, riu e chorou como todo mundo, mas fez isso do jeito dele. Numa sociedade cada vez mais padronizada, esta letra deveria virar hino nacional. Abro revistas e encontro fórmulas prontas de comportamento: como ser feliz no casamento, como ter uma trajetória de sucesso, como manter-se jovem. Resolve-se a questão com meia dúzia de conselhos rápidos. Para ser feliz no casamento, todo mundo deve reinventar a relação diariamente. Para ter uma trajetória de sucesso, todo mundo deve ser comunicativo e saber inglês. Para manter-se jovem, todo mundo deve parar de fumar e beber. Todo mundo quem, cara pálida? Todo mundo é um conceito abstrato, uma generalização. Ninguém pode saber o que é melhor para cada um . Fórmulas e tendências servem apenas como sinalizadores de comportamento, mas para conquistar satisfação pessoal pra valer, só vivendo do jeito que a gente acha que deve, estejamos ou não enquadrados no que se convencionou chamar "normal". O casamento é a instituição mais visada pelas "fórmulas que servem para todos". Na verdade, todos convivem com o casamento desde a infância. Nossos pais são ou foram casados, e por isso acreditamos saber na prática o que funciona e o que não funciona. Só que a prática era deles, não nossa. A gente apenas testemunhou, e bem caladinhos. Ainda assim, a maioria dos noivos diz "sim" diante do padre já com um roteiro esquematizado na cabeça, sabendo exatamente os exemplos que pretende reproduzir de seus pais e os exemplos a evitar. Porém, não tiveram os mesmos pais, e nada é mais diferente do que a família do vizinho. Curto-circuito à vista. É mais fácil imitar, seguir a onda, fazer de um jeito já testado por muitos e, se não der certo, tudo bem, até reações de angústia e desconsolo podem ser macaqueadas, nossas dores e nossos medos muitas vezes são herdados e a gente nem percebe, amamos e sofremos de um jeito universal. Agir como todo mundo é moleza. Bendito descanso pra cabeça: é uma facilidade terem roteirizado a vida por nós. Mas, cedo ou tarde, a conta vem, e geralmente é salgada. Fazer do seu jeito - amores, moda, horários, viagens, trabalho, ócio - é uma maneira de ficar em paz consigo mesmo e, de lambuja, firmar sua personalidade, destacar-se da paisagem. Claro que não se deve lutar insanamente contra as convenções só por serem convenções - muitas delas nos servem e, se nos servem, nada há de errado com elas. Estão aí para facilitar nossa vida. Mas se não facilitam, outro jeito há de ter. Um jeito próprio de ser alguém, em vez de simplesmente reproduzir os diversos jeitos coletivos de ser mais um.

Autora Martha Medeiros

O MUNDO SEM AS MULHERES




O Mundo sem as Mulheres

(Arnaldo Jabor)

O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra que?

O sujeito quer ficar famoso pra que?

O indivíduo malha, faz exercícios pra que?

A verdade é que é a mulher o objetivo do homem.

Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função de você.

Vivem e pensam em você o dia inteiro, a vida inteira...

Se você, mulher, não existisse, o mundo não teria ido pra frente.

Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem,

para conquistar um sujeito igual a ele, de bigode e tudo.

Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.

Já dizia a velha frase que

"atrás de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher".

O dito está envelhecido.

Hoje eu diria que

"na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher".

É você, mulher, quem impulsiona o mundo.

É você quem tem o poder, e não o homem.

É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro,

o filme a ser visto, o local das férias.

Bendita a hora em que você saiu da cozinha e,

bem-sucedida ficou na frente de todos os homens.

E, se você que está lendo isto aqui for um homem,

tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher.

Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua.

Só homens. Já pensou?

Um casamento sem noiva? Um mundo sem sogras?

Enfim, um mundo sem metas.

ALGUNS MOTIVOS PELOS QUAIS OS HOMENS GOSTAM TANTO DE MULHERES:

1- O cheirinho delas é sempre gostoso, mesmo que seja só xampu.

2- O jeitinho que elas tem de sempre encontrar o lugarzinho certo em nosso ombro.

3- A facilidade com a qual cabem em nossos braços.

4- O jeito que tem de nos beijar e, de repente, fazer o mundo ficar perfeito.

5- Como são encantadoras quando comem.

6- Elas levam horas para se vestir, mas no final vale a pena.

7- Porque estão sempre quentinhas, mesmo que esteja

fazendo trinta graus abaixo de zero lá fora.

8- Como sempre ficam bonitas, mesmo de jeans com camiseta e rabo-de-cavalo.

9- Aquele jeitinho sutil de pedir um elogio.

10- Como ficam lindas quando discutem.

11- O modo que tem de sempre encontrar a nossa mão.

12- O brilho nos olhos quando sorriem.

13- Ouvir a mensagem delas na secretária eletrônica logo depois de uma briga horrível.

14- O jeito que tem de dizer "Não vamos brigar mais, não..."

15- A ternura com que nos beijam quando lhes fazemos uma delicadeza.

16- O modo de nos beijarem quando dizemos "eu te amo".

17- Pensando bem, só o modo de nos beijarem já basta.

18- O modo que têm de se atirar em nossos braços quando choram.

19- O jeito de pedir desculpas por terem chorado por alguma bobagem.

20- O fato de nos darem um tapa achando que vai doer.

21- O modo com que pedem perdão quando o tapa dói mesmo

(embora jamais admitamos que doeu).

22- O jeitinho de dizerem "estou com saudades"...

23- As saudades que sentimos delas.

24- A maneira que suas lágrimas têm de nos fazer querer

mudar o mundo para que mais nada lhes cause dor.

Autor: Arnaldo Jabour

quinta-feira, 24 de julho de 2008

DESEJO





DESEJO
Victor Hugo
"Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a lhe desejar ".
Autor: Victor Hugo

terça-feira, 22 de julho de 2008

MONÓLOGO DAS MÃOS




MONÓLOGO DAS MÃOS

de Ghiaroni

Para que servem as mãos?

As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever......

As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário;

Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não matou Porcena;

foi com as mãos que Jesus amparou Madalena;

com as mãos David agitou a funda que matou Golias;

as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos gladiadores vencidos na arena;

Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência;

os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos vermelhas como signo de morte!

Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os outros Judas não encontram.

A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda;

o operário construir e o burguês destruir;

o bom amparar e o justo punir;

o amante acariciar e o ladrão roubar;

o honesto trabalhar e o viciado jogar.

Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!

Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!

As mãos fazem os salva-vidas e os canhões;

os remédios e os venenos;

os bálsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva.

Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor.

Os olhos dos cegos são as mãos.

As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes;

no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros.

O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida;

a primeira almofada para repousar a cabeça, a primeira arma e a primeira linguagem. Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.

A mão aberta,acariciando, mostra a bondade;

fechada e levantada mostra a força e o poder;

empunha a espada a pena e a cruz!

Modela os mármores e os bronzes;

da cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza;

doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos.

O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade.

O noivo para casar-se pede a mão de sua amada;

Jesus abençoava com a s mãos;

as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes.

Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o lenço no ar. Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.

E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.

Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.

E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.

E as mãos dos amigos nos conduzem...

E as mãos dos coveiros nos enterram!

Autor: Giuseppe Artidoro Giaroni


Postado por Cefisa

segunda-feira, 21 de julho de 2008

UM DIA A MAIORIA DE NÓS IRÁ SE SEPARAR...



Um dia a maioria de nós irá se separar.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido...
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados... Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens.
Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos... Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...
E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

PACIÊNCIA




PACIÊNCIA


Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados... Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia.


Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma "mala sem alça".


Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer leu o título, dizendo que era longo demais.


Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus. Qual é a finalidade de sua vida?


Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.


E você?


Aonde você quer chegar?


Por quem?


Seu coração vai agüentar?


A empresa que você trabalha vai acabar?


As pessoas que você ama vão parar?


Será que você conseguiu ler até aqui?


Respire... Acalme-se...


NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL. SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA


Arnaldo Jabour

terça-feira, 15 de julho de 2008

MARIO QUINTANA



PARTICIPATIVO



Verissimo e o teatro participativo
Luis Fernando Verissimo brincou de (e com) teatro na sua crônica de 6 de abril deste ano, no caderno Donna, no Jornal ZERO HORA, de Porto Alegre. Para quem não leu, Caco lembra:
Participativo
Idéia para uma peça. O cenário é a sala de visitas de um apartamento requintado. Alguns detalhes da decoração nos informam que estamos no fim dos anos 40, começo dos anos 50, por aí. Numa mesa ao lado do sofá vê-se um telefone da época. Quando abre o pano, o cenário está vazio e o telefone está tocando. E tocando, e tocando, e tocando, e tocando. Nada acontece. Ninguém aparece em cena. Passam-se quatro, cinco, seis minutos, o que for preciso para que a platéia comece a se impacientar. O telefone não pára de tocar. Finalmente, alguém se levanta na platéia e sobe no palco. É uma mulher. Ela dirige-se à platéia.
MULHER - Desculpe, gente, mas eu não posso ouvir um telefone tocando desse jeito sem atender. É um, sei lá. Uma mania minha. Uma neurose. Sei lá. Eu vou atender esse
telefone.
Um homem se manifesta na platéia.
HOMEM - Margarida, volta aqui.
Mas a Margarida já está se dirigindo para o sofá.
MARGARIDA - Eu sei, Euclides. Mas eu não consigo. Eu não agüento. Só vou... (Ela senta-se no sofá, levanta o fone e leva ao ouvido) Alô? Sim. Eu... Desculpe, viu? Mas... Não, eu não sou ninguém. Eu não sou da peça, sou da platéia. É que o telefone não parava de tocar e eu não consigo... Como? Margarida. Mas olha, eu não sou da peça, não. Eu só vim ao teatro com o meu marido e... Como? Euclides. Nós nem sabíamos que tipo de peça ia ser. O Euclides até estava com medo que fosse coisa experimental, vanguarda, essas coisas, que ele não gosta. Ele diz que sempre aparece alguém nu pra sentar no colo dele. Só gosta de comédia, quanto mais boba melhor. Eu disse vamos que é comédia. O quê? Não, atendi porque é uma mania minha. Uma neurose. Sei lá. O telefone não parava de tocar, não aparecia ninguém e eu... Desculpe se... Como? Ficar aqui?!
O pano começa a se fechar.
MARGARIDA - Espera! A cortina está fechando. Eu não quero...Euclides!!!
O pano se fecha por completo.
Depois de alguns minutos, o Euclides sobe no palco. Dirige-se à platéia.
EUCLIDES - Desculpe, pessoal. Eu preciso...(Ele vira-se para cortina
e chama, primeiro baixinho e depois mais alto:) Margarida... Margarida!
Euclides tenta espiar pela brecha da cortina. Subitamente, é puxado violentamente para trás da cortina e desaparece. Minutos depois, abre o pano outra vez. Euclides está sentado no sofá, com uma cara assustada.
Margarida está espanando os objetos da sala, vestida de empregada. Uma
empregada de teatro de revista, saiote curto com aventalzinho e as pernas
de fora.
EUCLIDES - Margarida...
MARGARIDA - Margarida, não, doutor. Margaret.
EUCLIDES - Margaret?
MARGARIDA (cochichando) - Não faça perguntas, Euclides.
O telefone toca. Margarida vai atender.
EUCLIDES - Não atenda!
MARGARIDA (cochichando) - É da peça, Euclides. É da peça. (Com
voz normal, atendendo o telefone:) Alô? Não, a patroa não está. Foram para Petrópolis. Ela e o marido, não. Ela e o amante. É, casal moderno.
Euclides levanta do sofá e tenta puxar Margarida pelo braço.
EUCLIDES - Margarida, vamos embora. Nosso lugar não é aqui.
MARGARIDA (ao telefone) - O cornu... Quer dizer, o doutor? Está aqui sim senhora. (Para Euclides:) Quer me largar? (Ao fone:) Não, é que quando a madame não está o doutor não sabe o que fazer com as mãos. (Para Euclides, tapando o bocal do telefone:)
Você não queria uma comédia, Euclides? Pois isto é uma comédia. Me larga!
EUCLIDES - Isto é teatro de vanguarda. Teatro participativo. Eu sei. Não demora aparece um...
Nisso, entra em cena um mordomo.
Só se sabe que é um mordomo porque usa um colete de mordomo e carrega um drinque numa bandeja, pois está nu da cintura para baixo.
MORDOMO - Seu uísque das seis,
doutor.
EUCLIDES - Eu não disse?!
Postado por Renato Mendonça


Do Site: clicrbs.com.br/blog/

domingo, 13 de julho de 2008

FRASE DE CLARICE LISPECTOR



CRÔNICA EM NÓS




EM NÓS
engraçado como temos uma tendência à acreditar que tudo o que está fora, tudo o que não está em nós, é melhor. Tem até um ditado popular que traduz isso muito bem e que diz:"A galinha do vizinho sempre é mais gorda".
E o triste é notar que desde o mais simples dos humanos, ao gênio formado pelas melhores universidades, sempre começam um trabalho ou pesquisa, buscando às soluções externas. Assim, durante anos, cientistas tentaram curar o coração criando corações artificiais, que na melhor das hipóteses, conseguiam prolongar a vida por mais algumas semanas ou meses. Até que vem alguém que descobre no próprio corpo (células-tronco), a possibilidade de cura para diversos males do nosso corpo humano, com capacidade regenerativa de órgãos debilitados. Parece até aquela história de alguém que deu milhares de voltas ao mundo para descobrir que o melhor lugar para morar era a sua própria casa.
E é assim mesmo que acontece não é?
Quando saímos de férias ou no final de semana prolongado que viajamos para um lugar maravilhoso, daqueles "tipo cartão postal", adoramos tudo, fotografamos, amamos o lugar, mas depois de alguns dias, tudo o que queremos é a nossa casinha, por mais humilde que seja, aquela onde tem a "nossa caminha", o "nosso banheiro", o "nosso cheiro", a "nossa marca".
Escute bem alma amiga e companheira de jornada:
O remédio está em você!
Todos os males que possam chegar até a sua vida, todas as doenças, todas as "desgraças possíveis", são originárias da nossa visão, ou da falta dela. De atitudes, pensamentos, gestos impensados que tomamos em nossos momentos de "insanidade", na busca desesperada por algo que nem mesmo nós sabemos o que é.
Não nos contentamos com o que temos!
Não sabemos o que queremos, e quando conquistamos o que tanto queremos, dai a pouco tempo, enjoamos...Somos os seres mimados do mundo!
Mas, aprenda antes de dar milhares de voltas no planeta:
A solução também está em nós. Nas células-tronco da nossa alma. No ouvir as necessidades do nosso corpo, no prestar atenção nas nossa reais NECESSIDADES.
Aprenda que precisamos de muito pouco para viver.
Bastam água e um pedaço de pão e podemos passar horas e dias até, sem comer mais nada.
Basta um pouco de silêncio e paz interior para termos boas idéias, e é justamente o contrário que fazemos quando estamos perturbados, com problemas. Temos a tendência de fazer dos nossos problemas verdadeiros "MONSTROS", criamos tempestades em gotas de água, nos deixamos levar pela correnteza de más notícias que nós mesmos atraímos. Depressão, medo, vícios, gulodice, exageros, perversões, ansiedade, doenças nervosas, doenças psicossomáticas, tudo resultado de nossas atitudes, e cujo remédio não está em nenhum consultório, em nenhuma farmácia, está em você, dentro das suas POSSIBILIDADES.
Não tenha medo de colocar-se contra a parede. De ouvir o que você realmente precisa, e parar de ficar comprando enfeites, tranqueiras digitais, roupas que nem vai usar, CD´s que mal vai ouvir, DVD´s que vai encostar e outras banalidades que não preenchem a alma.
Lembre-se:"a vida é simples e pede apenas uma coisa de cada um de nós: ATENÇÃO!
"Viver correndo sem se preocupar com a sua estabilidade física e mental, sem ouvir-se, é como atravessar uma avenida larga, com muito movimento e com os olhos fechados.
Pare, pense e respeite-se.
A vida pede passagem e quer te ver feliz!
Eu acredito em você.
Paulo Roberto Gaefke
Do Site:http://mundoesganado.blogspot.com/

O QUE AS PESSOAS FAZEM COM SEUS MSN's



Sempre odiei o que a maioria das pessoas fazem com os seus MSN’s.
Não estou falando desta vez dos emoticons insuportáveis que transformaram a leitura em um jogo de decodificação, mas as declarações de amor, saudades, empolgação traduzidas através do nick.
O espaço ‘nome’ foi criado pela Microsoft para que você digite O NOME que lhe foi dado no batismo. Assim seus amigos aparecem de forma ordenada e você não tem que ficar clicando em cima dos mesmos pra descobrir que ‘Vendo Abadá do Chiclete e Ivete’ é na verdade Tiago Carvalho, ou ‘Ainda te amo Pedro Henrique’ é o MSN de Marcela Cordeiro. Mas a melhor parte da brincadeira é que normalmente o nick diz muito sobre o estado de espírito e perfil da pessoa. Portanto, toda vez que você encontrar um nick desses por aí, pare para analisar que você já saberá tudo sobre a pessoa…
‘A-M-I-G-A-S o fim de semana foi perfeito!!!’ acabou de entrar. Essa com certeza, assim como as amigas piriguetes (perigosas), terminou o namoro e está encalhadona. Uma semana antes estava com o nick ‘O fim de semana promete’. Quer mostrar pro ex e pros peguetes (perigosos) que tem vida própria, mas a única coisa que fez no fim de semana foi encher o rabo de Balalaika, Baikal e Velho Barreiro e beijar umas bocas repetidas.
O pior é que você conhece o casal e está no meio desse ‘tiroteio’, já que o ex dela é também conhecido seu, entra com o nick ‘Hoje tem mais balada!’, tentando impressionar seus amigos e amigas e as novas presas de sua mira, de que sua vida está mais do que movimentada, além de tentar fazer raiva na ex.
‘Polly em NY’ acabou de entrar. Essa com certeza quer que todos saibam que ela está em uma viagem bacana. Tanto que em breve colocará uma foto da 5ª Avenida no Orkut com a legenda ‘Eu em Nova York’. Por que ninguém bota no Orkut foto de uma viagem feita a Praia-Grande - SP ?
‘Quando Deus te desenhou ele tava namorando’ acabou de entrar. Essa pessoa provavelmente não tem nenhuma criatividade, gosto musical e interesse por cultura. Só ouve o que está na moda e mais tocada nas paradas de sucesso. Normalmente coloca trechos como ‘Diga que valeuuu’ ou ‘O Asa Arreia’ na época do carnaval.
Por que a vida faz isso comigo?’ acabou de entrar. Quando essa pessoa entrar bloqueie imediatamente. Está depressiva porque tomou um pé na bunda e irá te chamar pra ficar falando sobre o ex.
‘ Maria Paula ocupada prá c** ‘ acabou de entrar. Se está ocupada prá c**, por que entrou cara-pálida? Sempre que vir uma pessoa dessas entrar, puxe papo só pra resenhar; ela não vai resistir à janelinha azul piscando na telinha e vai mandar o trabalho pro espaço. Com certeza.
‘Paulão, quero você acima de tudo’ acabou de entrar. Se ama compre um apartamento e vá morar com ele. Uma dica: Mulher adora disputar com as amigas. Quanto mais você mostrar que o tal do Paulão é tudo de bom, maiores são as chances de você ter o olho furado pelas sua amigas piriguetes (perigosas).
‘Marizinha no banho’ acabou de entrar. Essa não consegue mais desgrudar do MSN. Até quando vai beber água troca seu nick para ‘Marizinha bebendo água’. Ganhou do pai um laptop pra usar enquanto estiver no banheiro, mas nunca tem coragem de colocar o nick ‘Marizinha matriculando o moleque na natação’.
‘ < . ººº< . ººº< / @ e $ $ ! - @>ªªª .>ªªª>’ acabou de entrar. Essa aí acha que seu nome é o Código da Vinci pronto a ser decodificado. Cuidado ao conversar: ela pode dizer ‘q vc eh mtu déixxx, q gosta di vc mtuXXX, ti mandá um bjuXX’.
‘Galinha que persegue pato morre afogada’ acabou de entrar. Essa ai tomou um zig e está doida pra dar uma coça na piriguete que tá dando em cima do seu ex. Quando está de bem com a vida, costuma usar outros nicks-provérbios de Dalai Lama, Lair de Souza e cia.
‘VENDO ingressos para a Chopada, Camarote Vivo Festival de Verão, ABADÁ DO EVA, Bonfim Light, bate-volta da vaquejada de Serrinha e LP’ acabou de entrar. Essa pessoa está desesperada pra ganhar um dinheiro extra e acha que a janelinha de 200 x 115 pixels que sobe no meu computador é espaço publicitário.
‘Me pegue pelos cabelos, sinta meu cheiro, me jogue pelo ar, me leve pro seu banheiro…’ acabou de entrar. Sempre usa um provérbio, trecho de música ou nick sedutores. Adora usar trechos de funk ou pagode com duplo sentido. Está há 6 meses sem dar um tapa na macaca e está doida prá arrumar alguém pra fazer o servicinho.
‘Danny Bananinha’ acabou de entrar. Quer de qualquer jeito emplacar um apelido para si própria, mas todos insistem em lhe chamar de Melecão, sua alcunha de escola. Adora se comparar a celebridades gostosas, botar fotos tiradas por si mesma no espelho com os peitos saindo da blusa rosa. Quer ser famosa. Mas não chegará nem a figurante do Linha Direta.
Bom é isso, se quiserem escrever alguma mensagem, declaração ou qualquer coisa do tipo, tem o campo certo em opções ‘digitem uma mensagem pessoal para que seus contatos a vejam’ ou melhor, fica bem embaixo do campo do nome!! Vamos facilitar!!!!
Arnaldo Jabor

AMAR BONITO




Amar Bonito

Artur da Távola

Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar:
Aprendam a fazer bonito seu amor.
Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito.
Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito.
Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender...
Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo: bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva.
Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.
Aí, esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam,descuidam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira!!! Ter razão é um perigo: em geral, enfeia um amor,pois é invocado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão. Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você separa do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre e, sofrendo, deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito. Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomenda-se: encabulamentos, ser pego em flagrante gostando, não se cansar de olhar e olhar, não atrapalhar a convivência com teorizações, adiar sempre se possível com beijos 'aquela conversa importante que precisamos ter', arquivar, se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível. Quem ama bonito não gasta tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter. Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como criança de nariz encostado na vitrine cheia de brinquedos dos nossos sonhos); não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade, abrir o coração, contar a verdade do tamanho do amor que sente; não dar certo e depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito). Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabiamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteiras, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os caminhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu estou com vontade. Deixe o seu amor ser a mais verdadeira expressão de tudo que você é. Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da forma do amor: Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.
Artur da Távola

Do Site: www.leitura-livre.com/

quinta-feira, 10 de julho de 2008

CLOSER - PERTO DEMAIS



Jornal O Globo ASSISTINDO AO ÓTIMO "CLOSER - Perto demais"

me veio à lembrança um poema chamado "Salvação", de Nei Duclós, que tem um verso bonito que diz: "Nenhuma pessoa é lugar de repouso". Volta e meia este verso me persegue, e ele caiu como uma luva para a história que eu acompanhava dentro do cinema, em que quatro pessoas relacionam-se entre si e nunca se dão por satisfeitas, seguindo sempre em busca de algo que não sabem exatamente o que é. Não há interação com outros personagens ou com as questões banais da vida. É uma egotrip que não permite avanço, que não encontra uma saída - o que é irônico, pois o maior medo dos quatro é justamente a paralisia, precisam estar sempre em movimento. Eles certamente assinariam embaixo: nenhuma pessoa é lugar de repouso. Apesar dos diálogos divertidos, é um filme triste. Seco. Uma mirada microscópica sobre o que o terceiro milênio tem a nos oferecer: um amplo leque de opções sexuais e descompromisso total com a eternidade - nada foi feito pra durar. Quem não estiver feliz, é só fazer a mala e bater a porta. Relações mais honestas, mais práticas e mais excitantes. Deveria parecer o paraíso, mas o fato é que saímos do cinema com um gosto amargo na boca.Com o tempo, nos tornamos pessoas maduras, aprendemos a lidar com as nossas perdas e já não temos tantas ilusões. Sabemos que não iremos encontrar uma pessoa que, sozinha, conseguirá corresponder 100% a todas as nossas expectativas - sexuais, afetivas e intelectuais. Os que não se conformam com isso adotam o rodízio e aproveitam a vida. Que bom, que maravilha, então deveriam sofrer menos, não? O problema é que ninguém é tão maduro a ponto de abrir mão do que lhe restou de inocência. Ainda dói trocar o romantismo pelo ceticismo, ainda guardamos resquícios dos contos de fada. Mesmo a vida lá fora flertando descaradamente conosco, nos seduzindo com propostas tipo "leve dois, pague um", também nos parece tentadora a idéia de contrariar o verso de Duclós e encontrar alguém que acalme nossa histeria e nos faça interromper as buscas.Não há nada de errado em curtir a mansidão de um relacionamento que já não é apaixonante, mas que oferece em troca a benção da intimidade e do silêncio compartilhado, sem ninguém mais precisar se preocupar em mentir ou dizer a verdade. Quando se está há muitos anos com a mesma pessoa, há grande chance de ela conhecer bem você, já não é preciso ficar explicando a todo instante suas contradições, seus motivos, seus desejos. Economiza-se muito em palavras, os gestos falam por si. Quer coisa melhor do que poder ficar quieto ao lado de alguém, sem que nenhum dos dois se atrapalhe com isso?Longas relações conseguem atravessar a fronteira do estranhamento, um vira pátria do outro. Amizade com sexo também é um jeito legítimo de se relacionar, mesmo não sendo bem encarado pelos caçadores de emoções. Não é pela ansiedade que se mede a grandeza de um sentimento. Sentar, ambos, de frente pra lua, havendo lua, ou de frente pra chuva, havendo chuva, e juntos fazerem um brinde com as taças, contenham elas vinho ou café, a isso chama-se trégua. Uma relação calma entre duas pessoas que, sem se preocuparem em ser modernos ou eternos, fizeram um do outro seu lugar de repouso. Preguiça de voltar à ativa? Muitas vezes, é.

Mas também, vá saber, pode ser amor.

Autora: MARTHA MEDEIROS, em 20/02/2005

Do Blog:www.evertonlukas.blogger.com.br/2005/

CRÔNICA - EU, MODO DE USAR




EU, MODO DE USAR
Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza.
Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?).
Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade.
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora.
Quero ver você nervoso, inquieto, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte!
Se nada disso funcionar ... experimente me amar !!!

Autora Martha Medeiros

sábado, 5 de julho de 2008

NUM MUNDO COMO ESSE COMO SER FORTE E SOZINHO?




Num mundo como esse como ser forte e sozinho?

“É preciso que se faça ouvir a voz dos vencidos da história” Walter Benjamim

“Nós somos projetos e por isso precisamos de liberdade e de espaços abertos” Heidegger

“Contra a intolerância dos ricos e a intransigência dos pobres a exuberância dos livres”.

“Eles me enxergam onde eu não estou, atiram onde eu não sou, e o tiro não me mata”. Eugênio Bucci

No domingo de uma noite chuvosa, depois de uma sessão de cinema, após um ano de ausência volto a escrever aquilo a que dei o nome de Caleidoscópicas, Crônicas da Internet. Por que parei tanto tempo; como consegui estar em outro lugar e não aqui; onde me assaltaram outros movimentos; de quais entretenimentos precisei me incumbir. Não sei, só sei que enquanto as Crônicas de Narnia rolavam na tela do cinema, um outro enredo parecia desenrolar o meu pensamento de modo que, onde antes só havia um vazio, agora eu encontrava um lugar. “Preciso aprender a deixar a mente em repouso”, pensei, “informação demais pode levar a um esgotamento mental. Será essa a razão da enxaqueca monstruosa dos últimos dias”, eu me perguntava, já prevendo a resposta. O que nos conecta? O que nos separa? A sensação de isolamento só persiste quando não nos permitimos ser tocados por alguém. Pelas palavras de alguém. Quando sentimos que nada, nem ninguém será capaz de dar conta, de entender o nosso ponto de vista. Quando nos sentimos isolados no nosso modo de entender o mundo. Mas aí acontece o inesperado. Alguém consegue furar a barreira de isolamento e nos tirar de nós mesmos; e consegue isso, porque tenta entender o que sentimos. Alguém que se propõe a sair de si mesmo e escutar o outro. Alguém que reconhece a dor e a razão do outro. Alguém principalmente que diz: “me machuca ver você assim. Quando você sofre, eu sofro também.” (It hurts me too - Bela canção de Bob Dylan, especialmente na gravação de Karen Dalton) Se você tem alguém com quem partilhar a vida nesse nível de intimidade, mesmo que não seja da sua família, um amigo, ou amiga, com quem você pode se abrir e conversar, você tem tudo. Basta um só amigo, em apenas um bom encontro, ou um telefonema no fim da noite, pra mudar a sua energia e fazer a alquimia; pois o isolamento só sobrevive no isolamento. Quando saímos dele toda a sua força se esvai. Um brinde à amizade. A cumplicidade da amizade. Ao efeito sadio das pequenas confissões. Vamos investir mais nos encontros. Ver menos tv. Trabalhar menos. Ser menos máquina. Mais humano. Mais coração. Menos ciência exata. Mais emoção. Mas não a emoção barata do sentimentalismo covarde; das chantagens emocionais; da vitimização; do amor servil. É preciso saber cultivar e fazer crescer as verdadeiras amizades. São elas que dão sentido à vida, que só vale a pena ser vivida se puder ser compartilhada. Eu proponho então que façamos um brinde às boas amizades. Vamos nos embebedar de sentido, nos entorpecer de conteúdo; gerar textos que nos façam tecer uma rede de resistência; uma rede de proteção à frieza e indiferença estudada de um sistema que todos os dias, invade, isola, exclui, corrompe e destrói os nossos sonhos. Só com a nossa capacidade de imaginar uma realidade diferente é que temos a chance de mudar o que esta aí. Para isso, basta apenas uma conversa entre dois amigos. Dois amigos são uma pequena célula de resistência. Uma pequena célula revolucionária. Quando foi mesmo que deixamos de acreditar nisso? Por que é que no auge da ditadura os regimes autoritários impediam as pessoas de se reunirem? Pois agora, não há nada aparentemente visível que nos impeça de estarmos juntos, de falarmos uns com os outros. No entanto, isso nunca foi tão difícil. Você já se perguntou por quê ? Por que vivemos num sistema em que nos comportamos como anêmonas, independentes fisicamente, porém igualmente descerebrados, despossuidos do nosso corpo e do nosso desejo, a serviço de um mundo maquinico que se reproduz através de nós? Parece ficção científica e é. O futuro é agora. Você é vivente ou humano? Só tem direito de se nomear humano aquele quem tem a coragem de ser livre. Isso me lembra o super-homem nietzscheniano, e um pouco também, o andróide de Blade Runner, de Ridley Scott. A propósito, Nietzsche lutou a vida toda contra dor de cabeça, que ele dizia ser uma espécie de dor de parto, o conflito que se dava dentro dele entre as forças ativas e passivas. Zaratustra nasceu de dores insuportáveis. Pensando nele, chego a Foucault e ao biopoder. Esse poder que se reproduziu e se instalou em todas as instâncias das nossas vidas e dos nossos corpos. E me dou conta que é contra esse inimigo oculto dentro de mim que eu luto; contra o que há de servil, passivo e omisso dentro de mim. O que eu ainda não sabia é que essa batalha não pode ser ganha sozinha. Para enfrentá-la é preciso amigos, aliados, companheiros; e não, analgésicos, drogas e gadgets. Contra a servidão voluntária é preciso criar uma nova configuração do humano. Mas isso dá trabalho. É preciso ser criativo. E ser criativo hoje é persistir no esforço de superar a intolerância; no esforço da comunicação; no esforço do encontro e da amizade; pois “a intolerância é a tragédia do não diálogo”. (Eugencio Bucci no Ciclo de conferências Vida Vício e Virtude - ABL RJ.) Talvez um pouco por isso eu venha procurando na filosofia, mais do que em qualquer outra disciplina, o diálogo que não encontro em outras instâncias da vida, inclusive na expressão artística, um campo onde o discurso passou a reproduzir a lógica de um sistema impregnado de formas viciosas e repetitivas. Por isso, temos o dever de desconfiar. Unirmos-nos pra desconfiar. Unirmos-nos pra conspirar contra aqueles que reproduzem o discurso chapado da imagem; as narrativas e os gestos que representam à violência e tiranizam o imaginário. Como disse Eugenio Bucci: “num mundo onde reinam as imagens e o nosso conhecimento é inadequado, tudo tem que ser unívoco; bidimensional; certo; raso; fácil; direto; sem contradições; é da natureza da imagem ser chapada; por isso tudo tem que reproduzir a lógica binária das máquinas. Ser anjo ou demônio; bem ou mal; tudo precisa dizer o que é e o que está fora”. Num mundo como esse como ser forte e sozinho? Como nos lembrou Marcelo Coelho, em uma palestra sobre Amizade, ou teria sido Bucci, na conferencia sobre Intolerância, não importa: “a luz que se acende nos encontros é a única saída possível, porque o entendimento não é algo que se constrói sozinho, mas no confronto e no diálogo com o outro e no embate das diferenças. A razão é produto da interlocução.” É ela que nos faz verdadeiramente humanos e não anêmonas. enviada por Dulce Quental
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